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Sexo livre

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Arquivo Pessoal

Foto de uma das moradoras de Tamera

Foto de uma das moradoras de Tamera

Há 36 anos, o psicanalista Dieter Duhm e a teóloga Sabine Lichtenfels vivem juntos, mas livres para transar com outros parceiros. Em 1978, o casal alemão fundou a comunidade Tamera, hoje sediada no Alentejo, em Portugal, onde vivem 160 pessoas adeptas do sexo livre. Os dois falaram da experiência à Trip

DIETER

Como a ideia de sexualidade livre é posta em prática em Tamera?

Dieter. Todas as pessoas na nossa comunidade, incluindo os casais estabelecidos, praticam o sexo livre. Eu pratiquei por toda a minha vida. Cedo reconheci que se não o fizesse teria de mentir, pois me sinto atraído por várias mulheres. Sempre disse isso às minhas parceiras. A maioria das pessoas está grata pela possibilidade de novos contatos sexuais. Mesmo os casados têm a possibilidade de ir para a cama com novos parceiros e falar disso sob a proteção do grupo. Este é um princípio fundamental: tornar transparentes as coisas mais importantes – sexo, dinheiro, autoridade etc.

Que dificuldades os novatos enfrentam? A maioria das pessoas deseja uma verdadeira parceria e acredita

Arquivo Pessoal

O casal Sabine e Dieter em 1983 (ela à dir. da foto)

O casal Sabine e Dieter em 1983 (ela à dir. da foto)

que ela estaria associada à monogamia, e que a monogamia seria sinal de fidelidade. Não é verdade. Apenas podemos ser fiéis se nos for permitido amar outros também. Amor genuíno não se desintegra por causa de “escapadelas”, que fazem parte da natureza humana. Sexualidade livre e parceria complementam-se. Quanto mais cresce a confiança entre seres humanos, menos espaço há para o ciúme e o medo da separação.

Homens e mulheres reagem de forma diferente ao sexo livre? Geralmente os homens se sentem atraídos a dar o primeiro passo, mas temem que isso seja desafiante para suas parceiras. Mas depois também as mulheres ousam esse passo – e com tanta alegria que se torna desafiante para os parceiros. Não é a mulher, mas o homem que tende a ficar ciumento quando as velhas barreiras desmoronam. Não se trata de poligamia arbitrária, mas de um acordo mútuo sobre a base da confiança.

Como foi sua experiência pessoal? Ao longo de 36 anos, vivi e trabalhei com minha parceira Sabine Lichtenfels. Por duas vezes, ela amou outros homens. Não senti ciúme, porque também gostava desses dois homens. Sabine é uma mulher lindíssima e atraente. Seria insano ela “pertencer” a mim. Mas somos completamente fiéis um ao outro, e ficaremos juntos agora e para todo o sempre. Não é a exclusão sexual de outros que nos conduz a uma parceria duradoura, mas a verdade, a confiança, a compaixão e a solidariedade.

Uma proposta dessas pode dar certo numa cidade grande? Sim, mas é difícil. Uma metrópole envia tantos sinais insanos que o contato genuíno de pessoas verdadeiras acontece raramente. A desconfiança foi gravada nas relações humanas. A mentira e a traição tornaram-se condições de sobrevivência na civilização atual. Todos fomos forçados a mentir – no casamento, na profissão, na vida pública. Se queremos estabelecer confiança, precisamos virar do avesso todas as nossas estruturas sociais – e isso estende-se aos nossos casamentos. É a isso que chamamos de revolução.


"A desconfiança foi gravada nas relações humanas. A mentira e a traição tornaram-se condições de sobrevivência na civilização atual", Dieter Duhm


SABINE

Qual é a proporção de adeptos da monogamia e do poliamor em Tamera?

Sabine. Existem todos os tipos de relacionamento. Frequentemente os casais escolhem a monogamia por um tempo, começando depois a abrir-se para outros. Muitos descobrem que na realidade não buscavam um parceiro, querem viver em poliamor. Após alguns anos a maioria das pessoas se decide por uma parceria profunda.

Arquivo Pessoal

O casal Sabine e Dieter em 2003

O casal Sabine e Dieter em 2003

Como foi sua experiência pessoal? Eu vivi numa relação aberta com Dieter por mais de 30 anos. Ambos gostamos das aventuras com outros. É maravilhoso voltar depois para casa e poder partilhar abertamente as experiências que tivemos. Isso torna a parceria mais profunda, caso não se encontre ligada com o medo da perda. A experiência tornou o nosso Eros mais rico e mais profundo. Muitas pessoas desejam esse tipo de parceria e aqui trabalhamos para torná-la possível.

Quais são as vantagens do amor livre? O Eros é anarquista na sua essência. Nenhum ser humano pode ser possuído. É devido ao nosso profundo medo da perda que queremos possuir um ser humano, mas isso não corresponde à natureza do amor e só contribui para sua destruição. O Eros necessita mover-se livremente para revelar sua essência. Se a água é bloqueada, irá provocar devastação e destruição. Mais pessoas morrem por problemas não resolvidos no amor do que em acidentes de automóvel. O abuso sexual, a violência doméstica, a mentira e a traição são consequências de um sistema de amor que não corresponde à natureza humana.

Já sentiu ciúmes de Dieter? Descobri o ciúme em mim, que acreditava já ter ultrapassado, mas não chantageei o meu parceiro com isso. Concentramo-nos juntos na questão da cura e em restabelecer a confiança. Este é um longo caminho, que nunca terminará. Todos temos nossas feridas históricas, nossos traumas.

Uma proposta de amor livre pode dar certo numa cidade grande? É uma pergunta delicada. Conheço cada vez mais casais que querem isso e certamente é possível, mas o caminho não é fácil. No movimento de 68, muitos transportavam a sexualidade livre nas suas bandeiras, sem saber como poderia funcionar. Sublinho que não se trata de aventuras rápidas, mas de construir estruturas sociais novas, onde o amor possa ser vivido sem medo. Se um casal quer abrir-se à sexualidade livre, aconselho que o faça sob acordo mútuo. Os homens têm “escapadelas” com a justificativa de que “minha mulher não compreenderia”. A consequência é o ódio e a separação. A nossa sociedade foi estabelecida de forma que impossibilita a verdade no amor. Somos todos forçados a desempenhar papéis. Creio que a comunidade é o molde que torna o caminho viável.

Vai lá: Leia o artigo de Dieter Duhm sobre amor livre: www.tamera.org/pt/pensamentos-basilares/o-que-e-amor-livre


Cadê o tesão?

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Mark Jenkins

Trabalho do artista americano Mark Jenkins, no Rio de Janeiro

Trabalho do artista americano Mark Jenkins, no Rio de Janeiro

 chegado o momento de acrescentarmos ao tempo e ao espaço mais uma dimensão fundamental à vida no Universo: o tesão. Fritz Perls, que era alemão e escrevia também em inglês, deu a essa dimensão o nome de awareness. Palavra de tradução difícil para o português e, à falta de outra melhor, escolheu-se conscientização. Mas, para compreender o que Fritz queria designar por awareness, é preciso utilizar vários outros conceitos, além do estado de aptidão mental responsável: o estar física e emocionalmente em prontidão, alerta, atento, disponível, sintonizado, sensibilizado, sensorializado, sensualizado a todos os estímulos internos e externos da vida cotidiana. Coisas que quase significam tesão no português falado no Brasil. Mas apenas quase, porque tesão é mais que isso.”

O trecho acima abre o primeiro capítulo de Sem tesão não há solução, livro que o psiquiatra Roberto Freire (1927-2008) lançou em 1987 e foi um dos maiores sucessos do mercado literário de então. Naquele ano, a palavra tesão era usada por poucos, uma gíria que não caía bem entre senhoras e senhores de respeito. Questões semânticas à parte, podemos dizer que, 30 anos depois, seguimos na mesma busca detectada por Freire: a busca por mais entusiasmo, motivação e prazer na vida. Por mais paixão.

Num dos momentos mais tensos, confusos e brochantes dos últimos tempos no Brasil, a pergunta que permeia esta edição – e principalmente as páginas deste caderno especial – é: Cadê o tesão? Onde encontrar válvulas de escape que tornem o cotidiano mais leve, criativo, gostoso, empolgante? Como encontrar o que dá liga e sentido à vida? O que, afinal, te dá tesão? A seguir, algumas tentativas de respostas.

O que te dá tesão na vida?

Christian Gaul/Acervo Trip

 

“Talvez seja surpreendente eu falar isso, mas excitação não tem muito a ver comigo. As pessoas fazem uma imagem errada de mim: eu sou muito do sossego. Tenho horror a adrenalina, eu gosto de segurança. Eu gosto do quentinho, das quatro paredes, da cama arrumada. E gosto de ritual. Adoro quando a gente organiza nossas ‘festinhas no céu’. A gente escolhe uma música, abre um vinho, acende uma vela, toma um banho, eu falo ‘você quer banho do quê? Temos de rosa e temos de verbena’. Isso eu adoro – mas tem menos de excitação e mais de ritual. Alguma coisa que me pilhe não necessariamente é boa pra mim. Respiração curta me aflige demais. Mas, se eu tiver que pensar sobre o que é minha grande droga, minha cocaína, eu diria joia. Eu amo joia! Joia cara, joia de Hollywood. Eu vejo aquilo e derreto, mexe comigo... Em relação a sexo, eu não tenho essa coisa quente de surpresa, lugares. Tenho horror a isso, à possibilidade de alguém me ver de quatro, pelada, transando. Quero ter certeza de que eu estou na minha intimidade, de que estou segura, de que sei onde estou, de que meu filho não vai abrir a porta e de que ninguém está me ouvindo.”

Luana Piovani37 anos, é atriz e acaba de atuar no longa Réveillon, de Fábio Mendonça

“Viajar para conhecer novos horizontes. Conhecer outros sons que ativam outros lugares do cérebro, sabores desconhecidos e as deliciosas camas de hotel. Fazer amor pela manhã e cochilar mais um bocadinho antes de uma orgia gastronômica no brunch, seguido de outro cochilo. Viajar é o tesão do amor pelo mundo! Recentemente me apaixonei pela dor muscular causada pela atividade física exaustiva do kickboxing, do muai thay e do pilates com peso. São dores opostas àquelas que o sedentarismo provoca. Em vez de mal-estar, dá o maior tesão. Principalmente depois do banho, quando a gente se olha no espelho e percebe o corpo rejuvenescendo a cada dia. Endorfina é o tesão do amor próprio!”

Thalma de Freitas, 39 anos, é atriz e cantora

Qual a luta mais excitante da sua história?

“Desde 1978, meu caminho foi marcado por centenas de lutas contra representantes de todos os estilos de artes marciais. Mas a luta contra o campeão de kickboxing Ralph Alegria, no começo dos anos 80, teve um significado especial: foi o primeiro vale-tudo transmitido ao vivo pela televisão americana. Ele havia passado muita vaselina no corpo para que eu não conseguisse agarrá-lo, mas, quando eu o derrubei, já caí montado. Dei-lhe dois socos, que o fizeram virar de costas. Mesmo com aquela vaselina toda, não houve como impedir o mata-leão. A luta durou 2 minutos.”

Rorion Gracie, 62 anos, é lutador de jiu-jítsu e filho mais velho de Hélio Gracie. Criou o UFC (Ultimate Fighting Championship) em 1993. É dono da Academia Gracie, na Califórnia

Arquivo pessoal/Rorion Gracie

 


Onde menos se espera

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Caio Palazzo

Orgasmo em cima da bicicleta? Sim, isso virou piada interna em grupo noturno de bikers de São Paulo. Como toda brincadeira tem um fundo de verdade, fomos averiguar o que rola...

Tudo começou com um texto circulando on-line entre cicilistas, postado originalmente na página do grupo Bike N’ Beer no Facebook. Escrito pela dona de casa Roberta Nogueira, 46 anos, integrante do BNB, o artigo citava um estudo da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, sobre orgasmo feminino durante a prática de exercícios que envolvem a região do core (abdominal), o chamado “coregasm”. O texto provocava mulheres pudicas, fazia trocadilhos infames e falava tanto de endorfina quanto de tesão – e a relação disso com pisos irregulares.

Existe uma diferença entre o estudo americano (feito com spinning) e pedalar ao ar livre: o atrito com o

Caio Palazzo

chão, que faz com que a bike vibre. Nesses momentos, o selim da bike deixa de ser um carrasco (provocando as inevitáveis dores no dia seguinte) e se transforma num instrumento de prazer. “Tem uma rua de paralelepípedos na Mooca, em São Paulo, que dá o maior tremelique. Uma vez brinquei com a mulherada dizendo ‘vamos mudar de posição que este é o maior vibrador da Terra’”, se diverte Roberta. Ela conta que, quando há esse tipo de rua no roteiro, o grupo inteiro levanta os braços e grita “paralelepííííííípedo”. “Virou piada. Agora eu levanto a bunda do selim e passo pelo grupo falando: ‘Não tô fazendo nada, não tô fazendo nada’”, conta, rindo.

A maior parte dos integrantes do BNB é homem, e eles sabem dessa história. “É engraçado estar rodeada de caras...quando começo a embalar, já penso se alguém está me olhando”, diz Karin Coltro, 37 anos, servidora pública federal. No grupo há um ano, ela teve sua experiência mais forte de orgasmo na bike na Estrada da Manutenção, a caminho de Santos, no litoral paulista. “Foi totalmente inesperado. O trecho trepidava muito e, no que fui me ajeitando para que o banco não incomodasse, encontrei uma posição e rolou. Mas não tem espaço pra fantasia, só é sexual porque é orgasmo. É do tipo ‘uau, de onde vem isso?’.”

O test drive da repórter

Para esta reportagem, me propus a fazer o teste do coregasm. No percurso do qual participei, a turma do BNB carinhosamente incluiu uma rua trepidante – mas, infelizmente, nada aconteceu comigo. Em minha defesa, digo que era uma rua muito curta (não tinha nem 500 metros!). E, pôxa, era a minha primeira vez. Mas já combinamos um próximo pedal trepidante, desta vez na tal rua de paralelepípedos no bairro da Mooca, que é bem longa e, não por acaso, foi apelidada de Moooooooca.  

Vai lá: Bike n’Beer www.facebook.com/bikenbeer

O que faz seu corpo vibrar?

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Camila Fudissaku

O que excita homens e mulheres, do ponto de vista sexual? Há muita diferença nos processos de cada um? Dois psicanalistas refletem sobre a questão e indicam que, embora certos estereótipos resistam, há novas maneiras de lidar com o tesão

478 mecanismos

No meu livro há um capítulo inteiro para descrever como homens e mulheres se sentem debaixo da pele quando ficam com tesão. Em geral a reação dos homens e das mulheres a esse trecho é de estranheza e espanto. A maioria acha que há algumas diferenças e muitas semelhanças entre os dois – e que as diferenças são simétricas (onde há em um uma protuberância, em outro há um orifício). Mas não são simétricos nem complementares: na verdade, vivemos um delicioso (e às vezes doloroso) mal-entendido na cama.

Homens se excitam sobretudo de três maneiras: uma excitação mais autônoma, a partir de gatilhos internos (acúmulo de testosterona, esperma etc.); outra sensorial, principalmente pela visão de algo excitante, em geral partes do corpo; e finalmente a terceira, pela preferência sexual concreta – por exemplo, ao vislumbrar uma atividade sexual de sua preferência (sexo oral, anal, etc), daí muitos de filmes pornográficos que as mulheres acham malfeitos e antiestéticos.

Mulheres têm também todos esses mecanismos de excitação. Mas elas se excitam não por três mecanismos principais, mas por 478! Tudo é mais plástico, variado e depende do dia, hora, contexto, parceiro e do estado de ânimo dela mesma. Muito da excitação pode depender do desejo e da volúpia do parceiro, ou da estética do cenário (uma viagem em uma linda praia, ela de biquíni, o vento, um drink e um homem bonito, cheiroso e gentil) ou do modo como são tratadas (em geral, preferem algo mais atencioso a homens durões). Mulheres também podem se excitar pelas diferentes emoções – gratidão, piedade, admiração e até raiva podem se transmutar em tesão, algo que a maioria dos homens acha esquisitíssimo. E, acima de tudo, elas brocham se o cenário estético-sensual não for atraente (o motel com lençol sujo, o lindo homem falando português errado ou sendo pão-duro).

Há inúmeras diferenças no ritmo, no prazer da sedução, na relação com o próprio corpo e com o corpo do outro. Também é importante lembrar que não é verdade que “homens fazem sexo e mulheres fazem amor”: pode ser o contrário, muitas mulheres em certas ocasiões querem só sexo. Há muita pressão social e questões de ciclos de vida defasados que fazem com que, em certas épocas da vida, a mulher queira mais amor e eles mais sexo. Em outras fases, isso pode se inverter. Enfim, somos diferentes, mas ambos somos capazes de só ter tesão ou de só amar (sem tesão). Ou ainda de amar e sentir tesão ao mesmo tempo.

Luiz Alberto Hanns é psicólogo, psicanalista e pesquisador em psicoterapia comparada. É autor de A equação do casamento – O que pode (ou não) ser mudado na sua relação (editora Paralela)

Estamos em outros tempos

Esta é uma boa e velha discussão. Muita gente diz que o homem é mais visual, precisa ver peito, bunda; que foto de mulher pelada funciona pra homem. E que mulher precisa estar envolta em uma narrativa para se excitar. Precisa de uma historinha, de 50 tons de cinza. Que homem consome pornografia, mulher não. Que mulher precisa de amor e carinho, homem não. Que homem quer ser garanhão e ficar na putaria, a mulher vai querer casar.

Eu diria que deveríamos complexificar essa história.

Temos formações diferentes, somos feitos de essências genéticas diferentes e culturalmente estamos, sim, colocados no lugar onde o homem tem uma posição mais voyeurista e a mulher, uma posição mais de objeto desse olhar. Mas os papéis estão em transformação. É uma dinâmica antiga, essa em que o homem só exerce o papel de macho se a mulher for o sexo frágil, que não deseja, que não comunica excitação. Em que a extrapolação do feminino para o lugar de sedutora confunde o lugar do homem. A pós-revolução industrial e a revolução sexual já foram fazendo um deslocamento desse lugar. A mulher vai trabalhar, sai pra rua e não é só casamento, lar, filhos. Vai entrando no espaço público, conquista mais direitos.

Sobretudo agora, a gente libera os desejos. O homem pode escolher ter uma mulher e rejeitar o papel de garanhão. Talvez a mulher deseje outra coisa além de ser um objeto desejável. As coisas estão mudando de maneira irreversível. Em partes, a mulher ainda precisa da narrativa pra ficar excitada, mesmo essa nova mulher. “50 tons de cinza” é carregado dos estigmas patriarcais, mas mostra uma mulher desejante, que se permite gozar e aprender. (É patético ela ser virgem em pleno século 21, mas ela não deixa de ser uma heroína sexualizada.)

Devagarzinho, mesmo a cultura mainstream já sexualiza a mulher de maneira que não dá mais pra ela ser pura, casta. A princesa contemporânea precisa gozar. Estamos em outros tempos. Uma vida sexual interessante é aquela em que qualquer um pode exercer muitos papéis. O de dominador e o do submisso. É importante transitar com o desejo. O que te dá tesão? Como seu corpo vibra? Estar dentro da sua pele é a melhor forma de descobrir.

Assim como o homem se excita com o peito e a bunda, a mulher também pode gostar de pau, de peito, de perna. Algumas confessam que gostam, a maioria não fala porque ainda é tabu. Complexificar a excitação é a chave. A gente tem raciocínios muito binários. Amor é assim, sexo é assim. Isso é tosco e simplista, não cabe mais no contemporâneo. Romper paradigmas é importante: o da beleza, o da juventude, o de gênero e o do que excita mulher e homem. Se libertar dos raciocínios estereotipados. O mergulho nessa complexidade traz o mais rico do tesão de um indivíduo.

Maria Lucia Homem é psicanalista e professora na Faap e no Núcleo Diversitas-USP. É autora de No limiar do silêncio e da letra – traços da autoria em Clarice Lispector (Boitempo, 2012)

Orgia de playboy

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Reprodução

A grã-finagem preza pela discrição, mas seus hábitos lascivos um tanto mimados foram revelados pelo jornalista Marcos Nogueira nas 224 páginas de Sociedade secreta do sexo, lançado pela editora LeYa no mês passado. O livro conta os detalhes e bastidores de algumas das maiores surubas do mundo, ocorridas no México, na Itália, na França e também no Brasil. A organização é da Madame O, uma “sociedade libertina” que atua não só como recrutadora: é agência de turismo também. “A putaria do México foi um caso à parte, era num resort como esses da Costa do Sauípe, normal, mas os caras passavam o dia inteiro pelados”, explica o autor. E, para quebrar o mito de que o brasileiro é safadinho, Marcos diz que “no Brasil a coisa demorava pra pegar. Apesar de o brasileiro ter uma malemolência, os europeus são mais libertários no sexo”. E quando você, sem querer, encontra um praticante de orgias no dia a dia, o que acontece? “Não é muito comum, mas é engraçado. Você não consegue deixar de imaginar: ‘eu já vi você pelado, já vi você trepando’”, conclui. O problema com o livro é que, depois de publicado, dificilmente Marcos vai ser chamado de novo para uma orgia. “O pessoal tá puto comigo.”

Vai lá: madameo.com.br

Pornô brasilis

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Divulgação

Para a Luz Vermelha Filmes, o tesão está em dar um ar amador para as cenas

Para a Luz Vermelha Filmes, o tesão está em dar um ar amador para as cenas

Premiações, novos produtores e a velha sacanagem de sempre: assim sobrevive a indústria pornográfica brasileira

Inspirado no AVN Awards, premiação da revista Adult Video News que já reconheceu talentos como Snoop Dogg, Sasha Grey e Silvia Saint, o Prêmio da Indústria Pornô, ou carinhosamente PIP, quer sacudir a pélvis do mercado pornográfico brasileiro quando suas primeiras estatuetas forem entregues no dia 14 de outubro. Afinal, se o gênero já teve sua glória no auge do formato DVD, com a Brasileirinhas como seu maior expoente, hoje ele titubeia diante da dificuldade das produtoras em ganhar dinheiro vendendo seu conteúdo on-line, quando os filmes vazam para os sites grátis em poucas horas – apesar de serem parceiras de canais pagos como Sexy Hot e Playboy TV.

Para tentar mudar esse panorama e ainda trazer novidade à cena, a Luz Vermelha Filmes traz uma estética bem peculiar aos seus lançamentos. “Éramos três amigos tocando numa banda de punk rock da zona norte de São Paulo em 1998. Os três, além de rock, gostavam também de pornografia. Falávamos muito sobre filmes e revistas de putaria até que um amigo voltou do Japão com uma câmera e resolvemos fazer nosso primeiro pornô. Na falta de atrizes, compramos bonecas tipo Barbie de R$ 1 e gravamos”, afirma Roy di Paul, um dos sócios da empresa. Hoje a produtora tem três canais: Xplastic, o principal deles, com atrizes de verdade, mas com nome inspirado nas bonecas; Fetishboxx, direcionado aos fetichistas; e Fita Safada, com clara influência do pornochanchada.

O Xplastic, principal bandeira da Luz Vermelha, em vez de usar atrizes siliconadas e pródigas em obter as marquinhas de biquíni mais absurdas do planeta, aposta em mulheres tatuadas e cheias de atitude – sejam elas dominadoras ou submissas – na hora de estimular sua audiência.

Top 3 

As principais atrizes pornôs brasileiras da atualidade

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Angel Lima: Ela não é  a Juju Salimeni, ex-Panicat, apesar de capitalizar com a semelhança. A catarinense de 24 anos foi a revelação do pornô nacional em 2013.

Angel Lima: Ela não é a Juju Salimeni, ex-Panicat, apesar de capitalizar com a semelhança. A catarinense de 24 anos foi a revelação do pornô nacional em 2013.


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Fernandinha Fernandez: Ficou famosa com uma sex tape que o namorado vazou na internet. No início, se encaixava no perfil das “novinhas”, mas depois siliconou-se. É uma das estrelas do cast das Brasileirinhas.

Fernandinha Fernandez: Ficou famosa com uma sex tape que o namorado vazou na internet. No início, se encaixava no perfil das “novinhas”, mas depois siliconou-se. É uma das estrelas do cast das Brasileirinhas.


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Sweetie Bird: Burlesca, dessas com risada aguda, a paranaense tem piercing, tatuagens e sabe dançar como poucas no ramo. Costuma assumir uma personagem submissa.

Sweetie Bird: Burlesca, dessas com risada aguda, a paranaense tem piercing, tatuagens e sabe dançar como poucas no ramo. Costuma assumir uma personagem submissa.

Ame e dê vexame

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O somaterapeuta João da Mata e o mestre Roberto Freire, sem medo do carinho

O somaterapeuta João da Mata e o mestre Roberto Freire, sem medo do carinho

Coletivo de terapeutas que carrega a bandeira do escritor, psiquiatra e anarquista Roberto Freire – hit nos anos 70 e 80 – promove a cura pelo toque

Roberto Freire marcou época, especialmente para a geração que nasceu nos anos 50 e 60 e viveu a liberação sexual. Numa época em que o termo auto-ajuda não significava muita coisa, ele vendeu milhares de livros que procuravam auxiliar as pessoas que se sentiam culpadas com o sexo, como Sem tesão não há solução e Ame e dê vexame, tropicalizando ideias de Wilhelm Reich – um colaborador e depois um dissidente de Freud. Mas, em uma sociedade mais acostumada com o sexo livre, quem seriam os herdeiros de Freire, que morreu em 2008?

O Coletivo Brancaleone trabalhou junto ao brasileiro e continua aplicando a terapia criada por ele, a somaterapia. “Defendemos o exercício da sexualidade como fonte de vida. Isso, na prática da relação amorosa, tem a capacidade de promover a saúde. Não é só a realização do coito – é o sexo como elemento de união de amantes”, explica João da Mata, psicólogo e um dos principais discípulos da somaterapia, ou simplesmente soma.

Cada sessão, realizada com grupos de 13 a 15 pessoas, é dividida em três partes: exercício corporal (como a prática da capoeira de Angola, por exemplo), debate crítico e a conclusão do encontro, na qual o toque é incentivado. Os grupos se reúnem quatro vezes por mês e o processo dura, no máximo, 18 meses, para que não haja risco de dependência à terapia. “Acreditamos que o toque é um poderoso instrumento de potencialização da vida, pois encarna a dimensão do afeto, do prazer e da cumplicidade”.

Bike na Chapada Diamantina

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Sete dicas para você aproveitar ao máximo a experiência


Léo Morroni

José Orestes Macedo Moura, o Terra, apreciando a paisagem do Parque Nacional da Chapada Diamantina

José Orestes Macedo Moura, o Terra, apreciando a paisagem do Parque Nacional da Chapada Diamantina

Onde fica

O Parque Nacional da Chapada Diamantina fica no centro da Bahia. A cidade de Lençóis, porta de entrada da região, está a 409 quilômetros de Salvador e conta com um aeroporto – a viagem de avião leva 45 minutos. De carro, são 5 horas. De ônibus, 6.

Quando ir

As chuvas de dezembro a fevereiro deixam as cachoeiras mais bonitas, mas complicam a pedalada. Prefira o período entre abril e outubro. Se não quiser frio (10 graus), evite o mês de julho.

O que levar

O ideal é levar a própria bicicleta, com a qual você já está acostumado. Mas é possível alugar uma nas agências de Lençóis. Não se esqueça de uma capa de gel para forrar o selim e/ou uma bermuda almofadada. Capacete e luva são fundamentais, e uma mochila do tipo camelbag ajuda a hidratação durante a pedalada. Nunca é demais ter à mão uma ferramenta multiuso para montar e desmontar a roda e ajustar a altura do banco. Para os roteiros mais exigentes, é importante levar peças sobressalentes, como pastilhas de freio e gancheira (peça que suporta o câmbio).

Palavra de quem conhece

“Há roteiros para todos os níveis de ciclistas na Chapada. E sempre tem um carro de apoio. Mas é bom deixar claro que as distâncias costumam ser longas e o piso nem sempre é fácil. Nosso roteiro mais pedido é a volta pelo parque. São cinco dias bem difíceis, com uma média de 40 quilômetros/dia, sendo boa parte em pista singletrack, aquelas trilhas apertadas nas quais só passa uma bike. O importante é aliar uma pedalada forte sem deixar de ver tudo de lindo que esse paraíso oferece.” Palavra de José Orestes Macedo Moura, o Terra, especialista em bike na Chapada Diamantina e um dos idealizadores do Brasil Ride.

 

Léo Morroni

José Orestes Macedo Moura, o Terra, na trilha do Parque Nacional da Chapada Diamantina

José Orestes Macedo Moura, o Terra, na trilha do Parque Nacional da Chapada Diamantina

Onde ficar

Em Igatu, a dica é a pousada Pedras de Igatu (Fone: (75) 3335-7020 e (75) 9999-2821. Em Ibicoara, fique na Pousada Buracão. Em Rio de Contas, a pousada que leva o nome da cidade fica em um prédio colonial do século 19 no centro antigo. Em Mucugê, procure pela Pousada Mucugê, também em um prédio colonial. Em Lençóis, há opções para todos os bolsos – o hotel mais luxuoso é o Canto das Águas.

O que comer

Herança dos garimpeiros, a culinária da Chapada Diamantina conta com cortes e miúdos de bode, carne de sol e carne-seca. Acompanhamento típico é o godo de banana (ensopado de banana-verde). Em Lençóis, sente à mesa do O Bode (praça Horacio de Matos – beco do Rio).

Passeio imperdível

Escolher um único passeio em um lugar como a Chapada é complicado, mas vamos lá: a Cachoeira do Buracão é certamente um dos lugares mais lindos do Brasil. Para chegar lá, são 28 quilômetros de estrada, 1 hora a pé e mais uma aventura de arrepiar para descer até a piscina e nadar contra a correnteza para ficar debaixo do jato de 85 metros de queda d’água.

Léo Morroni

José Orestes Macedo Moura, o Terra, na trilha do Parque Nacional da Chapada Diamantina

José Orestes Macedo Moura, o Terra, na trilha do Parque Nacional da Chapada Diamantina


O LEGADO É A FESTA!

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As obras de mobilidade urbana, os estádio e os aeroportos, mesmo considerando todos os conhecidos problemas, são muito importantes para nosso país, mas não creio que sejam o maior legado da Copa do Mundo no Brasil. 


Durante anos, um pensamento otimista e de vanguarda, pregou que o Brasil deveria assumir sua grande especialidade de fazer festas - nosso país, repleto de festas populares ao longo do ano e notório pela simpatia contagiante de seu povo, deveria transformar essa força festeira em economia e declarar ao mundo: venham rebolar, celebrar e curtir a vida aqui!


As festas e a simpatia do povo sempre estiveram por ai, mas os números fracos do turismo no Brasil (que perde em número de turistas até para países pequenos), nunca efetivamente colocaram uma enorme quantidade de estrangeiros em contato com nossa festa realidade permanente. E, como é de costume, muitas das nossas boas coisas, só se valorizam internamente quando os "gringos" as reconhecem.


Pois bem, a Copa veio, está sendo um sucesso que contraria a patrulha mal humorada e teve como principal destaque justamente a alegria contagiante das festas que pipocaram pelas ruas do país, fazendo o mundo inteiro cair na farra e transformando até o pessimismo do brasileiro - que rapidamente lembrou do seu amor pelo futebol e pelo clima de Copa do Mundo. As ruas se coloriram de verde amarelo não apenas quando a bola rolou, mas quando a balada começou!

O maior legado portanto, é o Brasil festeiro e o que nós podemos fazer a partir de agora, depois do reconhecimento internacional de nossa especialidade.  O espaço está dado para que economia da festa, da cultura e da criatividade entrem na agenda do país. E daqui a dois anos ainda temos as Olimpíadas para reforçar tudo isso. 

What a difference a day makes

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Popperfoto/Getty Images

Pelé logo depois do 5x2 sobre a anfitriã Suécia, na final da Copa de 1958

Pelé logo depois do 5x2 sobre a anfitriã Suécia, na final da Copa de 1958

Um programa humorístico de TV produziu um clipe hilário ainda durante as quartas de final da Copa do Mundo. Simplesmente trataram de colar uma sucessão de uns 20 ou 30 trechos de opiniões de “especialistas em futebol” emitidas antes de o torneio começar. Algumas até cometidas durante os primeiros dias do campeonato. A quantidade de profecias furadas, opiniões estapafúrdias, bolas fora olímpicas e palpites que o tempo provou desprovidos de pé e cabeça fez mãe Dinah revirar seu corpanzil no jazigo e produziu gargalhadas rasgadas e genuínas na população. E o elenco era bom. Reunia, sem piedade, ex-jogadores campeões, árbitros aposentados, comentaristas dos tipos “Futipedia”, “ousadinho”, “educado sabichão”... Havia de tudo e não escapava ninguém.

De alguma maneira, depois do surto de risadas naquilo que funcionou como uma espécie de desabafo inconsciente pelo festival de baboseiras que teve de aturar nos últimos meses em todos os tipos de suportes midiáticos, o espectador mais arguto parece ter sido levado a uma reflexão interessante: há muito mais mistérios entre as duas linhas de fundo do que sonha a nossa vã filosofia.

Um dos muito intrigantes é o que vai embutido na pergunta que o antropólogo Roberto DaMatta brilhantemente responde no artigo da páginas 64: por que o país para quando Neymar entra em campo? E há outros mistérios tão cabeludos quanto David Luiz, que nossos convidados vão abordando ao longo das próximas páginas. Mas talvez o maior, que inspira a presente edição de número cabalístico da Trip, é o que há de fato de semelhanças e diferenças entre um mesmo dia em dois anos subsequentes. Talvez você mal se lembre, mas no mesmíssimo santo dia 17 de junho em que num clima de absoluta festa e celebração a seleção brasileira empatava com a do México, exatamente um ano antes, o país vivia momentos absolutamente tensos, violentos e, à sua maneira, também inspiradores pela esperança de um despertar e da revolta popular diante do “swell” permanente de incompetência, corrupção, malversação do erário e outras desgraças com as quais convivemos desde sempre.

Nossa tentativa nesta Trip 234 foi justamente produzir, digamos, uma “análise comparada despretensiosa” que envolveu dezenas de pessoas pelo mundo, um pequeno exército de câmeras que iam das menos rebuscadas contidas nos celulares até as mais modernas teleobjetivas postadas à beira dos campos fiscalizados pela Fifa, passando até por uma inovadora instituição de pesquisas via aplicativos digitais nas redes sociais e, evidentemente, por muito trabalho, para fazer aquilo que fazemos melhor: propor as boas perguntas, ainda que não existam respostas blindadas contra o erro – que aliás, diga-se, possivelmente seja a melhor definição da condição humana.

Paulo Lima, editor

A pátria de chuteiras já passou

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Por que passar horas em frente à TV assistindo a um jogo de futebol, DO QUAL SE SAI SEM LEVAR NADA? Simples: porque a gente gosta, mesmo que isso pareça (E seja) UMA perda de tempo

No livro Here and Now (de 2013, ainda inédito no Brasil), que traz as cartas trocadas entre os escritores J. M. Coetzee e Paul Auster entre 2008 e 2011, o primeiro, a certa altura, se pergunta o que faz com que ele, mesmo tendo pilhas de livros para ler (e de textos para escrever), passe uma tarde inteira em frente à TV, assistindo a uma partida de críquete, e finaliza: “Então, por que perder o meu tempo largado em frente a uma tela de televisão assistindo a jovens jogando? Uma vez que, eu admito, isso é uma perda de tempo. Certo, eu vivo uma experiência (de segunda mão), mas ela não me traz qualquer benefício que eu possa detectar. Eu não aprendo nada. Eu saio daquilo sem levar nada”. A partir daí, seguem-se, ao longo de diversas cartas, uma longa sequência de digressões sobre o tema, que falam de beisebol e rúgbi, da diferença entre esportes por tempo corrido (futebol), tempo interrompido (basquete) e sem tempo (vôlei), do gosto pelas estatísticas nos jogos, dos sonhos infantis de serem atletas de sucesso etc. A conversa dos dois nada mais é, no fim das contas, do que a repetição de uma reflexão que quase todos nós já fizemos, eu mesmo não sei quantas vezes. E a resposta, à pergunta inicial, acaba aparecendo: eles assistem porque gostam. Mesmo que isso pareça (ou seja) perda de tempo.

Eu, como Coetzee e Auster, também não me furto a perder um tempinho em frente à TV, de vez em quando, acompanhando um jogo. E Copas do Mundo sempre tiveram um sabor especial. Mas, num mundo que vem mudando rápido, tenho a impressão de que as Copas, ou antes, a maneira com que a maior parte das pessoas as vive, também está em transformação. Afinal, as grandes mobilizações patrióticas (no sentido de oposição a outros países) parecem, hoje, peças de ficção. E há apenas algumas décadas elas eram parte da realidade cotidiana. Seriam impensáveis, hoje, nos países ocidentais, aquelas imagens da Primeira Guerra, com milhares de voluntários nas filas de alistamento, loucos para pegar em armas e ir para as trincheiras matar ou ser mortos por pessoas com as quais eles poderiam ter tomado uma cerveja no dia anterior. A cada dia mais globalizados, em São Paulo, Hong Kong, Paris e Bogotá, usamos os mesmos tênis, comemos as mesmas comidas, assistimos aos mesmos filmes, admiramos os mesmos ídolos. Estão sobrando menos símbolos que diferenciem um país de outro e transmitam, para as pessoas, a sensação de uma identidade nacional com a intensidade que havia no passado. Sim, as pessoas vão torcer por seus países na Copa, mas, quase tanto quanto, elas querem assistir a bons jogos (independentemente de que times estejam em campo) e ver belas jogadas de astros internacionais como Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo.

Sem chuteiras

Enquanto escrevo, a Copa do Mundo está apenas em sua segunda rodada. Como vivemos uma situação atípica, com protestos de um lado e festas de outro, não sei que efeito ela acabou tendo sobre o país no momento em que você está lendo estas linhas. Ao que parece, está triunfando a velha magia do jogo de bola (com o nada desprezível apoio da mídia e de seus patrocinadores pesos-pesados). Mas, de um jeito ou de outro, tenho certeza de que as coisas não serão como antes. Não acredito que uma vitória ou uma derrota do Brasil vá exercer qualquer influência nos rumos da economia ou no resultado das eleições de outubro. Não acredito que a Copa tenha hoje qualquer capacidade de “unir o país”, exceto ao longo dos 90 e poucos minutos de cada jogo. O tempo “da pátria de chuteiras” já passou.

Milhões de brasileiros assistirão às partidas da Copa do Mundo do Brasil. Mas eles não estarão fazendo nada mais do que “perdendo um tempinho”. Passados os jogos e os inevitáveis e incandescentes debates que se sucedem a cada um deles, a vida voltará ao normal, e todo mundo estará, como sempre, vivendo as agruras (e as eventuais felicidades) do dia a dia.


*André Caramuru Aubert, 50, é historiador, editor e autor do romance A vida nas montanhas. Seu e-mail é andre.aubert@hotmail.com

Genitais expostas e a jihad

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AS SINFONIAS DE BEETHOVEN SÃO CONTEÚDO, ASSIM COMO O PROGRAMA DO SÉRGIO MALLANDRO, O GOL DO NEYMAR OU O VÍDEO PORNOGRÁFICO DA LITUÂNIA

Quando surgiu a internet, passou-se a atribuir um novo – e muito irritante – significado à palavra conteúdo. Conteúdo era simplesmente algo contido por outra coisa, como 1 litro de água em uma garrafa ou pedaços de atum em uma lata. O novo sentido que se deu à palavra serve para definir toda e qualquer informação inserida num site ou num aplicativo. As sinfonias de Beethoven são conteúdo, assim como é conteúdo o programa do Sérgio Mallandro, uma reprodução do Les Demoiselles d’Avignon, de Picasso, um gol do Neymar, uma versão do Macbeth, de Shakespeare, em mandarim ou um video pornográfico lituano no YouPorn.

O termo conteúdo é um redutor comum, um banalizador de qualquer ideia, que transforma tudo em uma coisa única, coisa por quilo, a granel. Coisa sem aura. E o que cai na rede é peixe. Sonhos, opiniões, rituais, fenômenos e todas as singularidades viram talheres descartáveis do McDonald’s. Boiam nos mares e, levados pelas correntezas, vão formar uma ilha de lixo que boia no oceano Pacífico. Vale dizer que, em inglês, a palavra content (conteúdo) também significa “contente” ou “satisfeito”. Acho irônico.

Talvez em outros tempos as pessoas se entendessem mais do que hoje. Mas provavelmente não. Cada vez mais nos entendemos menos porque não conseguimos mais escutar direito. Há muito barulho e, na cacofonia, as palavras perdem seu significado. Tudo perde significado.

Walter Benjamin enxergou nosso tempo nos anos 30 do século passado, quando escreveu A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica, onde analisa os efeitos da reprodução de obras de arte na formação da experiência estética contemporânea. Benjamin falava de filmes e fotos, mas sua análise vira profecia quando se pensa na internet.

VULGAR

A adolescente goiana tira uma selfie erótica, expondo seus genitais no Instagram. Defendo o direito de ela se expor. Não podemos fazer os outros pagarem pelo nosso medo de ser livres. Pornografia não assusta. Mas vulgaridade assusta. Tenho pena da adolescente goiana porque imagino que um dia ela vá se arrepender. Mas assustam também os fundamentalismos religiosos. O ressurgimento da jihad no mundo islâmico é o contraponto das selfies com genitais expostos no nosso mundo. Dois lados da mesma moeda.

Eu não seria a favor de voltar atrás em nada, nem se fosse possível e nossa vida não fosse as viagens sem volta que é. Só me deixa triste pensar que tudo seja conteúdo, inclusive as palavras que acabo de escrever.

*HENRIQUE GOLDMAN, 51, cineasta paulistano radicado em Londres, é diretor do filme Jean Charles.

Brasil na veia

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Nem a vaia à Dilma nem o oportunismo desonesto de usá-la para promover a luta de classes conseguiu tirar o brilho dos olhos de quem vibra com a experiência Brasil. Enfrentaremos melhor nossos problemas se vivermos a Copa com toda a força

Caro Paulo,

Saí de uma reunião pesada com um cliente em que analisamos os próximos cinco anos de nossa economia. Péssimos! Dependemos da China crescer, dependemos do governo criar condições de investimento privado, dependemos de qualificar mão de obra, dependemos de vontade política para fazer reformas políticas, só para citar alguns dos dificílimos estranguladores de nossa felicidade futura. Saí preocupado, pensativo, carregando o peso da consciência de quem viu o problema.

Em seguida, fui para o aeroporto. Lá encontrei uma multidão de brasileiros e estrangeiros eufóricos, alegres, deitados no salão de check-in, assistindo a um jogo da Copa num telão, divertindo-se como uma família na sala de casa na frente da TV.

Fiquei parado absorvendo o choque da diferença entre as duas situações. E me perguntei se essas pessoas tinham alguma noção do problema que o nosso país está enfrentando. Talvez sim, talvez não, afinal uma coisa não está relacionada à outra. O que tem de errado em esquecer os problemas por um tempo e recarregar as baterias com as gostosas emoções da Copa?

E tem mais: esse clima de confraternização entre hermanos do mundo todo é muito contagiante! Outro dia vi na TV que um grupo de turistas ingleses num bar perto do Maracanã tinha sido agredido por 14 vândalos brasileiros e que, apesar disso, um dos ingleses, super na boa, disse ao repórter que a agressão não ia estragar a divertida experiência de Brasil que eles estavam tendo.

EUFORIA CONTAGIANTE

Verdade. O Brasil é uma experiência divertida, alegre, sensual, acolhedora, amiga, afetiva, animada. Precisa de muita coisa ruim para estragar a experiência Brasil. E esta Copa é uma boa prova da robustez dessa nossa alma. Mais do que Carnaval, que também traz muita alegria e turistas, a competição internacional de um jogo popular de equipes grandes como o futebol cria um clima eufórico de torcidas e confraternização. É forte e contagiante. É um sentimento que começa na competição do futebol, mas se amplia para a diversão de estar junto, de experimentar as diferenças e a possibilidade da paz.

Nem a vaia à Dilma nem o oportunismo desonesto de usar a vaia para promover a luta de classes no país está conseguindo tirar o brilho dos olhos de quem está vibrando com a experiência Brasil. Acho que enfrentaremos melhor nossos problemas se vivermos essa experiência de Copa com tudo que temos direito. As eleições vêm aí e este será o momento de pensar nosso futuro. Para isso, cada um de nós tem que se responsabilizar pela experiência Brasil. É nóis.

Abraço do amigo que torce pelo Brasil em todos os sentidos,

Ricardo

*Ricardo Guimarães, 65, é presidente da Thymus Branding. Seu e-mail é ricardoguimaraes@thymus.com.br e seu Twitter é twitter.com/ricardo_thymus

Craque, só que não

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Quando estudei nos EUA às vesperas da Copa de 2002, todos os dias recebia convite pra jogar futebol. Afinal, meu nome é Ronaldo, sou Brasileiro e Harvard está longe de ser um oásis para boleiros

Quando morei nos EUA para estudar pela primeira vez, em 2001, véspera da Copa de 2002, meus colegas de faculdade não me deixavam em paz por causa do futebol. Como meu nome é Ronaldo, sou brasileiro e Harvard não é exatamente um oásis para boleiros, todos os dias recebia algum convite para jogar e até para me integrar a algum time da universidade. Afinal, com essas credenciais, eu deveria ser um craque. Polidamente, recusava os convites, sabendo das minhas óbvias limitações futebolísticas. No entanto, a percepção geral é de que eu estava escondendo minhas reais habilidades, sendo “humilde”. Com isso, os convites ficaram cada vez mais insistentes, a ponto de se tornarem insuportáveis.

Depois de alguma reflexão, cheguei à conclusão de que só tinha um jeito de dar cabo ao assédio: aceitar jogar e mostrar na prática que é possível ser brasileiro em tempos de Copa do Mundo, se chamar Ronaldo e não saber jogar futebol. E assim fiz. Em uma bela quinta-feira à tarde, rumei para o Soldiers Field Soccer Stadium (isso mesmo, um estádio) para me integrar à seleção multinacional de jogadores que compunha a nata da universidade. Minha posição em campo: atacante, camisa 9.

TOUCHÉ

Vou poupar o leitor dos detalhes mais gráficos da partida. Mas o fato é que a estratégia deu certo. Após aqueles dois tempos épicos de 45 minutos em que representei a camisa 9 da seleção harvardiana, ninguém nunca mais me chamou para jogar futebol. Com isso, minha vida esportiva na universidade alcançou finalmente a liberdade. Algumas semanas depois, tomei coragem e passei a oferecer um programa para ensinar os colegas a praticarem outra atividade esportiva na qual realmente tenho algo a contribuir: a esgrima. Não só o curso teve grande procura de alunos de diferentes nacionalidades, como vários dos boleiros com quem dividi o gigantesco Soldiers Field naquela fatídica partida se tornaram meus alunos. Não perdiam nenhuma das duas aulas semanais que ofereci por quatro meses para quem quisesse se iniciar na esgrima esportiva.

Com essa experiência, minha sensação pessoal foi de vitória. Mesmo hoje, anos depois, continuo achando que não é fácil não se relacionar de perto com o futebol. De qualquer forma, acredito que ajudei muita gente – alguns, ouso dizer, integrantes da elite intelectual planetária – a superar estereótipos sobre o Brasil e sobre o que significa ser brasileiro.

*Ronaldo Lemos, 37, é diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro e fundador do site www.overmundo.com.br. Seu Twitter é @lemos_ronaldo

Copa e coxinha

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Assisti Ao jogo do Brasil em casa com amigos. Na hora que o hino tocou, as lágrimas transbordaram dos olhos de todos. não imaginava que eu pudesse me sentir tão brasileiro. Assistindo à partida, redescobri esse amor

Gostava de jogar bola quando menino. Ganhando ou perdendo, era bem divertido. Mas jamais consegui sentir alguma emoção em assistir aos outros jogarem. Torcer por time de futebol nunca teve graça para mim. Eu queria ser o jogador, viver a emoção do jogo. A impressão que ficava ao assistir a alguma partida era de frustração. Sentia-me enganado: os jogadores tocando a bola de lado e enrolando o tempo todo. A luta era para não perder. Não havia jogo porque jogar possibilita ganhar, mas também há o risco de perder. E eu aprendi, com o futebol, que os outros têm que ganhar também para que haja equilíbrio. Caso somente um lado vença sempre, não haverá emoção, não será jogo. Parece simples, mas foi uma grande lição. Desse aprendizado, por dedução, caminhei para outros. Por exemplo: não estou sozinho no mundo; não sou o centro de tudo; não estou no topo; não sou melhor ou pior do que ninguém; os outros são semelhantes a mim e o que careço eles carecem também. O que dói em mim dói nos outros também, e por aí fui me envolvendo no mundo de relações.

Os únicos jogos que me atraem são os da seleção brasileira. Vivo intensamente cada segundo, detesto empates, placares acanhados e, se for para perder, tem que ser de bastante. O problema é que eu assisti pela TV à seleção atuando na Copa de 1970, no México. Era um time fabuloso. Todas as seleções posteriores ficaram acanhadas.

Para nós, que moramos na cidade de São Paulo, as vésperas foram muito sofridas. Primeiro foi a greve dos ônibus em maio que sacrificou a população. Depois a do metrô. O que se destacou foi a arrogância e a dificuldade do diálogo entre governo, empresários e sindicatos. O sofrimento do povo nas ruas, na chuva, sem ter como voltar para casa; compromissos não cumpridos; consultas médicas não realizadas; a parte mais frágil da população – as crianças e os doentes – sem cuidados e a sociedade como um todo esquecida. Parece que ninguém tem consciência do outro. Só importa o grupo que defendem, os outros não significam nada.

ISCA E ANZOL

Não sou contra greve; sou a favor das pessoas. Sei que aqueles que controlam o capital são exageradamente gananciosos e que a greve é um instrumento de pressão referendado até por lei. Mas não pode ser o único modo de resolver e, sim, a última alternativa para quando não houver outras saídas. A população não pode sofrer com a falência do diálogo e ser tomada como refém. É absolutamente injusto e isso traz à memória estranha coincidência. Dia 17 desse dramático mês que é sempre junho, o jogo do Brasil foi contra o México. No ano passado, nessa época, ocorreu uma grande manifestação na avenida Paulista. Foi surpreendente o número de pessoas que participaram. As reivindicações eram múltiplas: o fim do aumento da passagem de ônibus e o combate à corrupção no governo eram algumas delas. Havia protestos contra o Bolsa Família e outros programas de redistribuição de renda do governo. Ensinar a pescar e não dar o peixe era a argumentação. Havia quem contra-argumentasse: como pescar se não há caniço, isca e muito menos anzol? Não havia uma pauta, a avenida abrigou todo tipo de descontentamento. Até o de pessoas de posses que não querem dividir privilégios com a classe C em ascensão. Aqueles manifestantes foram chamados de “coxinhas”, termo ambíguo para denominar pessoas da classe média bem informada e festiva que aderiram ao movimento.

Assisti ao jogo do Brasil contra a Croácia. Reunimos amigos em casa e, na hora que o hino foi cantado no estádio, nos unimos ao coro e nos emocionamos muito. As lágrimas invadiram os olhos de todos; eu não imaginava que pudesse me sentir tão brasileiro. Quando menino, aprendi a amar o Brasil através de nossa seleção. Assistindo ao jogo, redescobri esse amor imenso. Somos todos brasileiros; não vamos nos dividir para satisfazer a ganância de terceiros, vamos lutar para que o país seja melhor para todos, com todas as forças. Dá para sentir que vale a pena.

*Luiz Alberto Mendes, 60, é autor de Memórias de um sobreviventeSeu e-mail é lmendesjunior@gmail.com


Itaquerão em festa

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Meu amor pelo futebol não será oprimido por qualquer patrulha mal-humorada que tenta tomar conta do país – como se gostar do maior evento de futebol fosse um salvo-conduto à FIFA, à CBF ou ao governo. Haja paciência!


Ainda sob a desconfiança geral de que se a Copa do Mundo iria ou não pegar no Brasil, fui ao estádio do Corinthians assistir ao jogo de abertura do evento.

Antes de seguir, devo dizer que uma das primeiras e mais vivas lembranças da minha vida é justamente a fantástica seleção brasileira de 1982, na qual meu maior ídolo, o doutor Sócrates, desfilava ao lado de outros craques como Zico, Falcão, Cerezo e Júnior. Portanto, meu amor pelo futebol não seria jamais oprimido por qualquer patrulha mal-humorada que naquele momento tentava tomar conta do país – como se gostar do maior evento de futebol fosse um salvo conduto à Fifa, à CBF ou a qualquer governo. Haja paciência!

Voltando ao jogo de abertura, o mais bacana daquela tarde e noite foi a oportunidade de passear pelas ruas de Itaquera antes e depois da partida. O bairro era uma festa: casas com portas abertas, churrascos e pagodes nas calçadas e um orgulho latente do povo da zona leste paulistana em receber um jogo tão importante. Fiquei emocionado também, ao final, com os milhares de moradores da região que esperavam na avenida Jacu-Pêssego a passagem do ônibus da seleção.

Por outro lado, a coisa mais horrível que vi foi a grosseria indesculpável dos que xingaram a presidente da República. Claro que todos têm total direito de vaiar e reclamar, mas as pessoas perderam a noção e a própria razão ao xingar uma senhora e chefe de Estado daquele jeito. Como minha avó dizia, coisa de gente malcriada.

POVO x ELITE

Apesar de alguns cronistas e políticos, seja para atacar o governo ou motivar militantes, tentarem enfatizar que não se tratava apenas de uma reação da elite, o perfil endinheirado da turma era evidente. Aliás, importante registrar que não vi nenhum negro nas arquibancadas do estádio, o que, no coração de Itaquera, chega a ser surreal.

Curioso é que quem xinga não percebe que, ao fazê-lo, evidencia a polarização partidária, a divisão entre povo e elite, direita e esquerda, o que acaba sendo bom - nessa política ditada pelo marqueteiros – para o partido do governo. Pelo menos tem sido assim faz tempo. Ou seja, xingar, além de mal-educado, é ineficaz.

Não sei qual terá sido o resultado da Copa quando esta coluna for publicada, mas, mesmo com qualquer desastre que possa acontecer com nossa seleção, continuarei amando futebol e gostando desse torneio. E isso nunca vai significar que concorde com desmandos e injustiças que pairam em torno do esporte ou da política brasileira.

Doutor Sócrates, que saudade! Por aqui, sigo seu discípulo, vibrando com o jogo bonito, o toque de calcanhar e o espírito livre e crítico.

P.S. 1: Se o mundo e o futebol fossem justos, o Itaquerão se chamaria Arena da Democracia Corintiana, certo?

P.S. 2: As festas de rua com milhares de gringos e brasileiros misturados em todo o país valeram a Copa. O brasileiro é especialista em fazer o mundo se divertir. Devemos nos orgulhar disso.

*Alê Youssef, 38, é apresentador do programa Navegador, da Globonews, comentarista do programa Esquenta!, da TV Globo, advogado e produtor. Seu e-mail é alexandreyoussef@gmail.com

Carioca e o lutador de MMA Fábio Gurgel no Trip TV #05

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O TripTV entra em Pânico com a participação do humorista Márvio Lúcio. Carioca, como é mais conhecido, fala sobre a infância, conta como começou na carreira e revela detalhes de como constrói seus personagens: "Eu não tenho muito limite não. Quando fiz o Edir Macedo eu raspei o cabelo. Fiquei com cabelo de tiozinho na vida real, cara. Tudo pelo personagem".

O programa também vai até as favelas do Canão e do Boqueirão, em São Paulo, para entender a força do legado de Sabotage, rapper que continua sendo uma das principais referências do hip-hop nacional mesmo depois de mais de onze anos de sua morte.

Pra fechar, uma conversa sobre luta com Fábio Gurgel, um dos maiores mestres do jiu-jitsu nacional e um dos precursores do MMA.

Tudo isso no Trip TV da próxima quinta, dia 17 de julho. É à 1h30, na Band.

Nomes adequados e inadequados #234

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Nomes adequados

Helena Lagoa

FUNÇÃO: Paisagista

COMPROVAÇÃO: bit.ly/helenalagoa

Julio Alexandre Casas

FUNÇÃO: Corretor de imóveis

COMPROVAÇÃO: Foto anexada

Marco Antônio Arruda Guns

FUNÇÃO: Delegado

COMPROVAÇÃO: bit.ly/marcoguns

Nomes inadequados

Thiago Loeser

FUNÇÃO: Multicampeão de caratê

COMPROVAÇÃO: bit.ly/loeser

Adroaldo Furtado Fabrício

FUNÇÃO: Advogado

COMPROVAÇÃO: bit.ly/advogadofurtado

Hitler Mussolini de Moura Pacheco

FUNÇÃO: Diretor Geral da Polícia Civil de Goiás

COMPROVAÇÃO: bit.ly/hitlermussolini


Topou com um nome tudo a ver com o trabalho de alguém? Ou com outro totalmente inapropriado para o que seu dono faz? Envie para nomesinadequados@trip.com.br ou nomesadequados@trip.com.br. Os selecionados ganham uma assinatura anual da revista. Contemplados nesta edição: Mariana Vasconcellos, Laura Rodrigues, Luccas Barrossa, Mateus Alves, Edward Werninghaus e Dominico Cordeiro.

Hooligans bem comportados

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Arquivo pessoal

Rachel Barber e um colega posam com brasileira em São Paulo

Rachel Barber e um colega posam com brasileira em São Paulo

Eliminada na primeira fase da Copa, a seleção da Inglaterra não viveu seus melhores dias no Brasil. A derrota poderia inflamar os ânimos entre os hooligans – torcida famosa pelo rastro de violência que costumava deixar em campeonatos europeus – mas, contra isso, houve precauções: em uma parceria firmada com a Fifa, uma comitiva de policiais ingleses veio ao país para fazer a segurança da seleção e auxiliar no controle das torcidas. Caberia a essa equipe entrar em ação em caso de excessos. Rachel Barber, 45 anos, a mulher responsável por essa tropa, declarou à Trip em São Paulo que os dias de grandes encrencas dos hooligans ficaram no passado. “Hoje em dia os torcedores são geralmente bem-comportados, gostam de beber, se divertir”, disse ela. Mas os mais exaltados persistem: dias depois da entrevista, o jogo Inglaterra x Uruguai, na Arena Corinthians, terminou com um inglês sem um pedaço da orelha, mordida por um conterrâneo. Veja um trecho da conversa.

Você percebe diferenças entre os fãs de futebol britânicos e fãs de outras nacionalidades?

As questões que os torcedores causam ou enfrentam são as mesmas. Os ingleses ganharam uma má reputação por causa de atitudes relatadas na mídia décadas atrás. Mas essa não é a realidade de torcedores ingleses que viajam para o exterior hoje. Eles são geralmente bem-comportados, gostam de beber, de se divertir. Acho que, às vezes, as pessoas interpretam mal o seu comportamento. Acham que é ameaçador quando na verdade não é. Muitos hoje vêm seguir sua seleção e também apreciar a cultura do país anfitrião. Infelizmente, a ênfase tem sido na pequena minoria que causou transtornos e injustamente danificou a reputação do resto dos torcedores da Inglaterra.

Como é feito esse acompanhamento da torcida pela polícia?

O trabalho que temos feito no Reino Unido impede torcedores considerados perigosos de viajar para torneios no exterior. Isso tem ajudado a mantê-los longe. Os fãs genuínos que viajam com a seleção estão construindo uma reputação muito boa para os torcedores ingleses. Nós não tivemos nenhuma detenção por desordem nos dois últimos grandes torneios internacionais e esperamos que continue assim no Brasil.

As ações violentas em grupo são a maior preocupação da polícia inglesa?

Aqueles que tinham a intenção de causar desordem no futebol estão agora proibidos de viajar para os torneios. Hoje em dia é muito raro torcedores ingleses no exterior causarem problemas. Nosso trabalho agora é mais de apoio, fazer com que colegas da polícia local, com quem trabalhamos em estreita colaboração, possam entender que torcedores ingleses não são um risco.

Foram tomadas medidas especiais para esta Copa do Mundo?

Não por nós. Apenas damos o conselho habitual que daríamos a qualquer torcedor em campeonatos: que cuidem da própria segurança, de seus objetos de valor, seus amigos, sua família. Também trabalhamos para nos certificar de que eles respeitem a cultura e as leis do país onde estão viajando. 

Caravana canarinho

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Divulgação

O ônibus que serviu de casa aos integrantes do #RumoAoHexa

O ônibus que serviu de casa aos integrantes do #RumoAoHexa

Um time de 14 brasileiros – entre jornalistas, produtores, fotógrafos, designers e videomakers, mais um cozinheiro e um eletricista – saiu de São Paulo no dia 13 de junho, às 5 da matina, rumo a uma missão: estar sempre na mesma cidade da seleção de Felipão, a cada dia de jogo do Brasil na Copa. Batizado #RumoAoHexa, o projeto idealizado pelo produtor José Mannis, 26 anos, custou R$ 100 mil (divididos entre os integrantes da caravana) e passou por cerca de cem cidades ao longo do percurso, todo feito num ônibus que serviu de casa e local de trabalho para a trupe. A aventura fora dos estádios foi sendo registrada em uma série de vídeos divulgados semanalmente no YouTube. Agora, o material vai virar documentário, livro e exposição de fotos. “Foi uma oportunidade de mostrar nosso país e as opiniões sobre a Copa em diferentes estados do Brasil”, diz ele.

Assista os vídeos: http://bit.ly/rumohexa

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